A Engie Brasil quer colocar em prática um plano para monetização de espaços vazios em algumas hidrelétricas, trabalhando no momento com a possibilidade de ampliação das usinas Salto Santiago (1,4 GW – PR) e Miranda (408 MW – MG) no leilão de capacidade que deve acontecer no fim do ano. A informação foi passada pelo novo diretor financeiro da empresa, Eduardo Takamori, durante teleconferência ao mercado na manhã dessa sexta-feira, 5 de maio.
“Estamos confiantes mas depende do modelo que o governo vai fazer para abarcar esses novos empreendimentos. Existe uma boa demanda mas a capacidade faltante no país ainda é incerta, com um contexto de excesso de oferta no momento que imprimi cautela nas avaliações para novas contratações”, analisa, citando que os projetos possuem comprovação técnica para adição de uma capacidade relevante e que permitiria também a expansão de outras fontes renováveis na matriz.
Sobre essa função de cobrir a intermitência no sistema, o executivo defende a plena competição e que nesse contexto pode haver uma disputa salutar entre projetos térmicos e hidráulicos. “Preferimos um leilão mais agnóstico do ponto de vista tecnológico e de fontes, com eventualmente alguma dificuldade de implementação mas algo que tem que ser perseguido por soluções e inovação das empresas”, pontua.
Hidrelétrica Salto Santiago possui 1,4 GW operacionais entre quatro turbinas na divisa de SP e MG (Engie)
Quanto ao leilão de transmissão marcado para 30 de junho, o CEO da companhia, Eduardo Sattamini, disse que a expectativa é sempre grande para um certame de dimensões razoáveis, e que dependendo da forma como os players se posicionem, a Engie pode ter uma situação mais confortável para seguir com a estratégia de diversificação de portfólio, que vem desde 2016.
“Ano passado teve agentes agressivos com premissas que não se comprovaram e nesse deve haver maior racionalidade. Vamos estar presentes e buscar um volume razoável de investimentos”, avalia, comentando esforços para o estudo de um número maior de lotes e as melhores decisões e alternativas para engenharia e negociação com os fornecedores.
Já sobre a exportação de energia para Argentina, Sattamini afirmou que a empresa quer perenizar esse tipo de comercialização ligada ao vertimento turbinável, visto o excesso de energia no Brasil e carência em outros países, com potenciais de competição de preço. Além disso, ressaltou que eventualmente pode-se até gerar uma integração energética no continente, com a utilização da capacidade de transferência de gás da Argentina para o Chile num acordo regional.
“Se não for obtido esse acordo regional vamos barrar nas questões contratuais que existem no país vizinho e não podemos desconsiderar que podemos desarranjar o mercado argentino sem oferecer uma oportunidade”, explica o executivo.
(Nota da Redação: Matéria atualizada às 15:10 horas do dia 05 de maio de 2023, para corrigir o nome de uma das usinas que poderão ser ampliadas. A usina correta é Miranda. A Engie corrigiu a informação dada na teleconferência, quando foi mencionada Jaguara, após a publicação da matéria)